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segunda-feira, 23 de setembro de 2013

A complexidade do verbo viajar

¡Hola! ¿Qué tal? Peço desculpa se ao longo deste texto se depararem com termos espanhóis mas, como boa portuguesa que sou, se vou uma semana de férias a um país em que a língua é diferente, volto a falar de forma estranha. Após duas semanas de merecido descanso, estou de volta, para importunar as vossas segundas-feiras (que por si sós já eram más o suficiente). Espero que ainda me reconheçam, apesar do bronzeado e do escaldão que apanhei na cara. Para os que ainda estão com dúvidas: Joana Camacho, prazer!

Há coisas que nunca hei-de compreender, nesta conversa das viagens. Por exemplo, porque é que, quando saímos de casa, as coisas cabem todas na mala e, quando voltamos, já não acontece o mesmo? Falo por mim; tive de fazer inúmeras acrobacias em cima da minha mala, para conseguir que ela fechasse. E, falando ainda de malas, alguém me pode explicar porque é que, na altura de as receber, há sempre alguém que leva a minha mala por engano, afirmando que “ah e tal a minha é igualzinha”? Depois lá tenho eu de andar feita parva a correr pelo aeroporto, atrás do carrinho do larápio que cometeu o delito.

E os aviões? Há várias coisas para as quais não consigo encontrar qualquer explicação. A primeira é: para quê todas aquelas instruções sobre as saídas de emergência e o uso dos coletes e das máscaras de oxigénio? Toda a gente sabe que, em caso de emergência, o comportamento a adotar passa por gritar como uma menina e começar a correr. É tão simples quanto isso. Não seria tão mais agradável ouvir as hospedeiras de bordo a indicarem-nos esse procedimento? E poupava-se imenso tempo!

Noutros assuntos: não sei se já passaram pela trágica experiência de comer aquilo que servem no avião. A minha pergunta é relativamente simples. Aquele pão com omelete tem quantas semanas? Deixo a pergunta no ar. E – ainda falando de aviões – gostava mesmo muito de entender o porquê de baterem palmas quando o avião aterra. É que até parece que não era suposto!

– Oh! E não é que afinal aterrámos em segurança? Eu teria ficado feliz se nos tivéssemos despenhado quando passámos pela ilha de La Gomera, mas pronto. Isto também foi bom. Não estava nada à espera, pá. Seu piloto maroto!

Então? Era suposto o piloto não conseguir aterrar o avião, é? Não entendo as palmas. Quando andam de táxi, também batem palmas ao motorista? É que, caso a resposta seja negativa, isto soa-me a discriminação. Queria aqui deixar uma sugestão aos meus amigos do Bloco de Esquerda. Para quando uma lei que obrigue esta malta, que bate palmas quando o avião aterra, a bater palmas quando se deslocam num outro qualquer transporte público? Parece-me uma medida urgente; fico a aguardar a implementação desta lei. Agora sim, terminei. Venham daí essas palmas.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Professora, a Paula Neves disse uma palavra feia!

Sábado foi dia de derby entre Sporting e Benfica. Vários foram os acontecimentos que marcaram este derby: 46.109 espetadores no estádio de Alvalade; resultado final de 1-1, tendo Montero marcado para os leões e Markovic para as águias. Foi um jogo memorável. À primeira vista, estes seriam os factos marcantes daquele tão aguardado confronto mas, à vista dos utilizadores das redes sociais, as coisas não são bem assim. O importante é que a atriz Paula Neves chamou o Maxi – jogador do Benfica – de filho da puta. Isso é que é importante reter, está bem? Tomem nota.

Em poucos minutos, a Paula Neves foi trending topic no Twitter, onde se podiam ler insultos, comentários de malta indignada, meia dúzia de lambe-botas, e mensagens de um senhor que andava à procura da gata. Portugal é um país de virgens ofendidas, isso não é novidade para ninguém. Mas, se ficam escandalizados com o facto de a Paula Neves ter chamado o Maxi de filho da puta, haviam de ouvir o que os meus vizinhos chamam ao árbitro, de cada vez que o Porto joga. Eles sim mereciam estar nos trending topics do Twitter.

Ao analisar os comentários sobre o assunto, senti-me de volta à primária. Há sempre aquela criancinha ranhosa que faz queixinhas à professora. Aconteceu comigo, há uns anos atrás, e acontece agora, com a Paula Neves.

– Ó professora, a Paula disse uma palavra feia!

Agora resta-nos mandar a Paulinha para o canto da sala, de castigo, virada para a parede. E, para termos a certeza de que esta situação não se repete, vamos mandar um recado ao Encarregado de Educação da Paula. Pode ser que a mandem de castigo para o quarto, sem jantar. Aposto que isso – sim – faria dos portugueses pessoas consideravelmente felizes. Menos mal que ninguém me ouviu a chamar de filho da puta ao senhor de idade que me apatanhou o pé esquerdo e nem se dignou a pedir-me desculpas, senão, por esta altura, estaria eu a ser apedrejada em praça pública.

Sugiro que sejam erguidos templos às pessoas que afirmam que Paula Neves desceu na consideração que tinham por ela. Qualquer pessoa que nunca tenha chamado alguém de filho da puta, merece que lhe seja erguido um altar! Sugiro até uma possível elevação a santidade. O engraçado é vê-los a criticarem a senhora por ter usado uma palavra feia e – no entanto – dizerem que ela é uma “merda de criatura” por o ter feito. Está certo; e assim se ensina a todo um povo que é feio dizer palavrões. Chamemos quem os diz de “merda de criaturas” e está o assunto resolvido.

Após apreendida a lição de hoje, vou em busca de mais lições de moral nas redes sociais. Com sorte, ainda fazem de mim boa pessoa.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Haverá morte depois da vida?

Respondendo à pergunta que é título desta crónica: eu não queria estar aqui a lançar boatos, mas estou bastante confiante que sim.

Tendo como base a minha experiência de vida (sempre fui fã de filmes de terror), o que me diz a mim que a senhora idosa que vive aqui ao lado não é uma assassina em série contratada especificamente para me matar? Só espero não me assustar quando chegar ao meu quarto, ligar a luz e vir a minha vizinha idosa a apontar-me uma faca. É que a velha sofre de incontinência urinária, e depois é uma maçada para lavar os tapetes. Se a minha vizinha me estiver a ler, peço-lhe por favor que, se hipoteticamente me pretender assassinar, o faça na minha cozinha, porque o chão é em azulejo. Desde já agradeço a sua consideração.

Apelando uma vez mais à minha experiência de vida: as pessoas têm reações muito estranhas, quando confrontadas com a morte. As pessoas nos filmes de terror, por exemplo. Há sempre aquela rapariga que ouve um barulho na cozinha e grita: “Está aí alguém?” Sim, porque o assassino lhes vai claramente responder: “Sim, estou na cozinha. Queres tomar alguma coisa, ou posso já despachar o assunto e esfaquear-te múltiplas vezes no abdómen?”

Honestamente, acho que deviam escolher pessoas mais inteligentes para participarem em filmes de terror. Eu, por exemplo. Não tenho um QI extraordinário, mas não sou parva ao ponto de entrar em casas abandonadas, caves ou compartimentos suspeitos, quando oiço barulhos estranhos. É um grande disparate, meus senhores. Não façam isso.

Se em algum futuro longínquo eu me tornar milionária, que fique bem claro que haverá morte depois da vida para o indivíduo que se atrever a contar seja o que for à Judite de Sousa. Só queria deixar isso bem claro.

Toda a gente conhece – ou pelo menos já ouviu falar – daquela espécie que fala com Deus quando tem algum amigo ou familiar doente, ou às portas da morte. Acho isso muito bonito. Eu não acredito em Deus. Se ao menos ele me enviasse um sinal… como o de encher o meu quarto de chocolates Toblerone e pôr uma máquina de algodão-doce na minha casa de banho, por exemplo. Isso faria de mim uma pessoa particularmente crente. E, quem sabe, um dia encontrar-me-iam por aí a rezar com excecional fervor pelo meu falecido periquito. 

Verifico agora que se me acabaram os pacotes de lenços. Desespero. Vou correr até à tabacaria, esperando não escorregar em iogurte líquido, tropeçar no gato da senhora Ermelinda, ou ser confrontada com uma qualquer situação que vá provocar a minha morte precoce. Ao menos deixem-me assoar o nariz antes de falecer. Uma pessoa morta não é bonita de se ver, mas uma pessoa morta com ranho no nariz é uma imagem particularmente desagradável.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Proibiram-me de ler jornais

A verdade, senhoras e senhores, é que já me arrependi deste meu novo estilo de vida – ler jornais definitivamente não é para mim. Os meus próprios pais proibiram-me de o fazer, no dia em que quase inundava a casa, após ter lido uma notícia que dizia que a Sandra Oh ia abandonar o elenco de Anatomia de Grey. Não sei se vocês têm por hábito acompanhar a série mas, como fiel espetadora que sou, acho um autêntico ultraje termos de nos despedir da Cristina Yang, ao fim de 9 temporadas. 194 episódios, bolas! Vou para a banheira chorar ao som de violinos e música fúnebre e volto já.

Adiante: ouviram falar naquele peixe que ataca a “virilidade masculina”? Não sei se já viram a fotografia do dito cujo mas – que diabo! – o bicho tem uma dentição melhor que a minha. Quando a vocês, homens, não sei; mas eu não punha os pés (nem os testículos, pronto) na praia tão cedo.

Li uma notícia cujo título era: “Mosquito pode ficar com maioria da Soares da Costa”. Pelo que andei a investigar, a Soares da Costa é uma construtora. Com certeza têm muito dinheiro, não é? Então expliquem-me: como é que não conseguem lidar com um mosquito? Ou meia dúzia deles, vá. Eu conheço um exterminador que é muito bom e que faz preços razoáveis. Se precisarem de um contacto telefónico, é só dizer, está bem? Estou aqui para ajudar.

Uma outra notícia dizia que o Departamento da Policia de Detroit tinha divulgado o tamanho dos sutiãs das agentes do sexo feminino. Ora, menos mal que foi só das agentes do sexo feminino. Se também tivessem divulgado o tamanho dos sutiãs dos agentes do sexo masculino, a coisa era capaz de ser mais grave.

E alguém é capaz de me explicar para que raios me interessa saber que a Jennifer Aniston mudou de voo para evitar a Angelina Jolie? Pá, eu ontem mudei de passeio para evitar a minha professora de História do terceiro ciclo, e não vi essa notícia na capa do Semanário SOL. Achei ofensivo. A igualdade de direitos, onde é que anda?

Falando em professores de História: que conversa é essa de a Merkel ter dado uma aula de História sobre o muro de Berlim? A avaliar pela forma física da senhora, sempre achei que BOLAS de berlim fossem o seu tópico de eleição. E aposto que qualquer aluno estaria bem mais interessado em assistir a uma aula de Culinária, ao invés de aprender coisas sobre um muro. Digo eu. Senhora Merkel, para a próxima pondere a ideia; obrigada.